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A Arquitetura como Percurso Partilhado de Procura

#àconversacom Sebastião Ribeiro / Atelier AAVV

No mundo da construção, as escolhas que fazemos concretizam-se em obras que definem os espaços e atmosferas em que vamos viver no futuro, pelo que o critério com que são feitas essas escolhas através da arquitetura é essencial. O compromisso com esse critério deve, na ótica de Sebastião Ribeiro, estender-se a todo o processo de conceção e construção e a todos os intervenientes nele envolvidos, numa “construção partilhada”. É, por isso, um convidado perfeito para mais um #àconversacom.

Arquiteto e fundador do Atelier AAVV – um atelier que combina uma abordagem colaborativa com as inquietações fundamentais da arquitetura – Sebastião Ribeiro vem falar-nos da importância da arquitetura e dos desafios atuais no contexto da prática em Portugal.

 

De uma forma geral, qual a importância da arquitetura?

A beleza é importante, e a arquitetura representa a possibilidade de a procurar nas coisas que construímos. O processo de pensar e construir um edifício tem muitas circunstâncias e constrangimentos que condicionam a obra e, por isso, é preciso estabelecer um critério que transforme a ação sobre essa circunstância num caminho crítico de procura. Sem a perspectiva da arquitetura, no contexto atual, a construção pode facilmente tornar-se numa mera resposta à restrição das circunstâncias imediatas, perdendo-se essa oportunidade de fazer de cada construção uma obra com significado.


Até que ponto é que um projeto pode ter, também, um impacto no bairro e na cidade?

Todos os edifícios têm um impacto, na medida em que se inserem num contexto e, por isso, participam num todo que os transcende. Claro que esse contributo pode ter graus diferentes de abrangência e profundidade, dependendo do carácter e dimensão das obras, mas há sempre um efeito, maior ou menor, positivo ou negativo, e, por isso, cabe-nos tentar fazer a coisa certa.

A cidade e o território são compostos por muitos elementos diferentes, e o nosso trabalho passa por descobrir o papel que um novo elemento pode cumprir nesse conjunto. Também neste projeto para um edifício na zona da Praça das Flores, em que estamos a trabalhar com a Beelt, esta pergunta se apresenta com clareza, por estarmos a intervir numa área consolidada do tecido urbano da cidade de Lisboa, com uma identidade própria que tem um valor que todos reconhecemos. O desafio de reabilitar e ampliar um edifício preexistente representa, por um lado, a necessidade de compreender o enquadramento da intervenção e o que deve ser preservado, mas, por outro lado, de procurar também o carácter adequado para o que é novo e as possibilidades que se abrem na articulação com os objetivos espaciais e tipológicos estabelecidos para o edifício.

 

Quais os maiores constrangimentos atuais à vossa profissão?

É claro que todos conhecemos os constrangimentos dos processos de licenciamento, ou as dificuldades que as incertezas e alterações muitas vezes introduzem no desenvolvimento dos projetos e na execução das obras, com consequências significativas no prolongamento do tempo de realização dos projetos, mas, para nós, o maior desafio do trabalho em arquitetura é sempre o do desejo, inquieto, de encontrar uma resposta acertada para cada lugar.

 

Está crente que o Simplex será um contributo positivo?

O princípio de simplificar os procedimentos burocráticos parece-nos, em geral, positivo. Por isso, esperamos que o resultado deste processo de adaptação possa melhorar o enquadramento do trabalho de projeto, embora não consigamos ainda ter uma noção completa do modo como o conjunto alargado de alterações previstas será concretizado. De qualquer maneira, a nossa expectativa é que, depois de um período de transição em que se compreenda como lidar com algumas consequências problemáticas deste novo enquadramento, se possa chegar a esse contributo positivo.

 

Idealmente, na execução de um projeto seria importante ter a colaboração dos empreiteiros? Que vantagens teria, e que erros poderiam ser evitados?

Reunir um conjunto de pessoas, entre o promotor, o construtor e as equipas de projeto, que estejam motivadas por um propósito comum e em que se possam estabelecer relações de confiança e sintonia, é um fator decisivo para que o processo do projeto à obra corra bem.

Nesse enquadramento, a possibilidade de ter a colaboração do empreiteiro para confirmação de algumas opções de projeto pode ser um contributo significativo. No caso do projeto que estamos a desenvolver com a Beelt, este pressuposto é seguro e tem permitido que haja uma compreensão mútua desde cedo no desenvolvimento do projeto, o que representa uma vantagem na preparação da obra. Acreditamos que a possibilidade de colaborar, partilhando conhecimentos e experiências diferentes e complementares, e compreendendo o papel de cada um, permite-nos aproximar do objetivo comum de construir bem.

 

O vosso atelier costuma trabalhar neste diálogo de colaboração?

O processo mais normal de chegar à execução em obra passa pelo desenvolvimento do projeto, em primeiro lugar, e, numa fase posterior, por um concurso de empreitada feito com base no projeto. Isto não impede que tiremos partido da experiência de outras obras e do contacto contínuo que vamos tendo com os construtores para o aprofundamento do nosso trabalho.

Em casos mais específicos, já temos tido a experiência de trabalhar a partir de fases mais iniciais do projeto neste diálogo o que, nos casos em que se reuniu uma equipa com os mesmos objetivos, levou a bons resultados. De qualquer modo, assumimos o acompanhamento das obras como parte integrante do nosso trabalho, não só porque o projeto não está completo antes da obra acabada, mas também porque a própria obra nos faz aprender sobre como construir.

 

Quais os temas mais relevantes na arquitetura ou na construção para os próximos anos?

É sempre difícil prever o futuro e, na verdade, parece-nos que as perguntas mais importantes são permanentes. Pensando no contexto atual e no nosso país, o desafio da necessidade de habitação representa um problema, mas talvez também uma oportunidade de pensarmos o que podem ser as casas para o futuro.

Para além disto, há naturalmente os problemas ligados à sustentabilidade na construção, sendo crucial perceber o impacto que as opções relativas aos materiais e sistemas construtivos podem ter. Estamos seguros de que este processo de pensamento tem de ser feito sem que estejamos excessivamente limitados por particularidades de cada momento, e sem comprometer o que mais profundamente representa a sustentabilidade em arquitetura, que é a qualidade dos espaços e dos edifícios.

 

A Beelt foi o empreiteiro designado para o projeto do Príncipe Real. Quais as vossas expectativas para este projeto?

O processo de desenvolvimento deste projeto tem sido feito com base numa relação de confiança e entusiasmo que pensamos ser partilhada por todos os intervenientes. Isto significou que pudemos sentir, ainda nesta fase de preparação, que também o empreiteiro defenderá o projeto como seu, ao nosso lado, na sua execução em obra. Neste contexto, não podemos deixar de dizer que as nossas expectativas estão muito altas, e que estamos motivados para o arranque da obra, que esperamos que aconteça em breve.

 

Que outras características da Beelt considera serem importantes para o sucesso?

Para além do projeto em que estamos a trabalhar em conjunto neste momento, já tivemos a experiência de trabalhar com a Beelt numa obra anterior. Na altura da preparação dessa obra, foi dado um prazo, talvez ambicioso, para a sua execução, mas a Beelt acabou por entregar a obra pronta um mês antes da data prevista, tendo concretizado o projeto por completo e com competência.

Esta capacidade de conciliar o profissionalismo na execução da obra com a compreensão da importância do projeto e o valor da relação de confiança e complementaridade de papéis entre os diferentes intervenientes, é uma combinação que não temos dúvidas que é diferenciadora e que pode ser decisiva para o vosso sucesso no futuro.

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