Skip to main content

Eficiência hídrica em edifícios

Estima-se que em Portugal os custos das famílias com habitação, água, eletricidade e gás ultrapassem os 30% dos custos mensais e anuais totais das famílias, segundo dados do INE de julho de 2017. Nos edifícios, a nível nacional e na União Europeia, é estimado um potencial de poupança de água de 30%, com a adoção de medidas de eficiência hídrica. Através da utilização de sistemas mais eficientes, tirando partido das soluções, equipamentos e tecnologias inovadoras, em comparação com sistemas convencionais, as economias nos edifícios podem atingir 45% do consumo de água. No setor residencial, os usos de água mais representativos estão associados aos banhos e duches (cerca de 39%) e aos eletrodomésticos (cerca de 20%). Poupar água significa ainda poupar energia, em casa e na nossa comunidade, dado que a captação, transporte e tratamento da água de abastecimento (e das águas residuais) são operações com um elevado consumo e custo energético que podem ser reduzidos através do uso mais eficiente de água e energia.

O mercado da construção tem vindo a evoluir, diversificando soluções e oferta construtiva, e deverá ser um parceiro no aconselhamento ao consumidor sobre medidas e investimentos a adotar. Neste artigo adaptado do documento “Eficiência hídrica em edifícios” e elaborado pela Aqua eXperience, damos-lhe a conhecer as principais medidas de eficiência hídrica e soluções que podem ser úteis na aquisição de equipamentos sanitários, na reabilitação ou em construções novas.

 

Medidas de eficiência hídrica a adotar nos edifícios de habitação – Princípio dos 5R

Tal como acontece com os resíduos, dentro do princípio dos 5R (reduzir consumos, reduzir perdas e desperdícios, reutilizar água, reciclar água e recorrer a origens alternativas), a redução de desperdícios e de consumos são o primeiro passo essencial na adoção de uma gestão mais eficiente da água em casa. Nos edifícios deve, por isso, ser dada especial atenção aos comportamentos, reduzindo os tempos de uso da água. Na sua escolha devem ser tidos em conta produtos certificados e rotulados como mais eficientes do ponto de vista hídrico. A identificação de perdas de água, nas redes da habitação ou nos equipamentos (exemplo: torneiras, chuveiros e autoclismos), é um passo importante para reduzir os desperdícios. Além destas medidas, faz sentido avaliar e melhorar também a eficiência global dos edifícios (em moradias unifamiliares ou condomínios, por exemplo), ponderando a reutilização ou reciclagem da água (por exemplo das águas cinzentas) e o recurso a origens alternativas (como a água da chuva).

Uma das formas de reduzir o consumo da água passa pela correta escolha de produtos/dispositivos de utilização da água nos edifícios, que assegurem maior eficiência e igual ou melhor conforto. Por outro lado, deverá haver preocupação em otimizar o tempo despendido em cada utilização. A escolha de eletrodomésticos que utilizem água (por exemplo, máquina de lavar loiça e roupa) deve ter em conta também o seu consumo de água.

Complementarmente à renovação e substituição de dispositivos e equipamentos, existem sistemas de circulação e retorno de água quente sanitária que, além de constituírem um fator de aumento de conforto nas utilizações, são também uma medida de eficiência hídrica. Podem ainda existir perdas de água (perdas físicas) causadas por deficiências / roturas na rede predial e que devem ser reparadas, mas que não se designam desperdício por não estarem associadas a uma má utilização da água por parte do consumidor. No entanto, a sua identificação é essencial para reduzir um gasto de água não útil dos edifícios. Os sistemas de monitorização e gestão inteligente de consumos de água ajudam a identificar estas situações.

Existem sistemas de poupança de água para edifícios que consistem na reutilização e reciclagem de águas negras [águas que provêm de descargas de sanitas e urinóis] e águas cinzentas [águas residuais domésticas que não contêm águas negras, provenientes de usos como o banho ou para lavar a loiça ou roupa, entre outros]. Dentro destas, a utilização de águas cinzentas como fonte interna alternativa pode ser a que apresenta maior viabilidade, dado que para o mesmo uso deverá requerer menos tratamento. Contudo, a quantidade de águas cinzentas produzidas pode variar consideravelmente em função dos hábitos sanitários e estilo de vida das famílias. Há também sistemas de aproveitamento de água pluvial, que podem gerar poupanças importantes nos edifícios, nomeadamente naqueles em que existem áreas ajardinadas ou zonas de lavagem de pavimentos e automóveis, para além das descargas nos autoclismos, lavagens nas máquinas de roupa, e outros usos (por ex. torres de arrefecimento), devendo ser dimensionados e adaptados caso a caso.

Para assegurar o seu funcionamento nos períodos de ausência de chuva, estes sistemas de aproveitamento devem ser dotados de um sistema alternativo de abastecimento de água, podendo o suprimento de água ser realizado sem que seja interrompido o abastecimento da rede não potável. Para estes casos é recomendável a instalação de sistemas que façam, de forma automática e segura, a gestão e a comutação das fontes de abastecimento. A impossibilidade de conexões cruzadas, isto é, que permitam a entrada desta água na rede de água para consumo humano, deve ser garantida em todas as situações.

Para saber até onde pode chegar a eficiência hídrica em edifícios ou habitações, já é possível solicitar um diagnóstico de situação atual. O diagnóstico da situação atual ajuda à identificação e posterior implementação de medidas diretas de poupança de água nos locais mais adequados e também de medidas indiretas, ao nível dos comportamentos, que podem, desde logo, melhorar a eficiência no uso sem necessidade de intervenções no edifício.

Soluções reais que já podemos adotar

Para que possamos passar à ação e tomar decisões de forma mais adequada a cada situação e cada edifício, conheça algumas das soluções reais:

Nos edifícios mais envelhecidos, a escolha de dispositivos mais eficientes do ponto de vista hídrico pode constituir uma oportunidade para reabilitar a rede do edifício, por exemplo no caso da ocorrência de falta de caudal ou pressão da rede, ou quando ocorram fenómenos de deposição nas condutas. Nesse caso, deverá fazer a renovação da rede predial com materiais certificados para água potável, duráveis e resilientes, para que seja minimizado o risco de roturas, e de acordo com as normas portuguesas / europeias de certificação.

A instalação de sistemas de gestão de consumos de água, que consistem na ligação da rede predial a sistemas de telegestão com informação relativa aos próprios hábitos de consumo, poderá proporcionar o acesso ao perfil de utilização em cada habitação. Desta forma, pode conhecer os seus próprios consumos e adotar medidas comportamentais diárias para uso mais eficiente da água, além de identificar perdas de água nas redes e nos equipamentos, caso se verifiquem consumos de água nos períodos de não utilização (por exemplo: período noturno). Estes sistemas inteligentes podem ser instalados em habitações ou condomínios, sempre que existam contadores parciais e for possível solicitar o serviço junto da sua entidade gestora.

A aquisição de eletrodomésticos mais eficientes, do ponto de vista energético e hídrico, pode gerar poupanças de cerca de 51% do consumo de água, para o caso das máquinas de lavar roupa, e de 41% de consumo, para o caso das máquinas de lavar loiça. Atualmente os equipamentos mais eficientes do ponto de vista energético correspondem a classes energéticas de D até A, sendo que a classe mais elevada deverá conduzir a um menor consumo de água e energia. Do ponto de vista hídrico, os mais eficientes deverão ser aqueles com menor consumo de água (litros por ano). Na escolha destes equipamentos, além da classe energética C ou superior, procure máquinas cuja etiqueta indique um consumo de água anual médio inferior a 10000 litros por ano (máquinas de lavar roupa) e 2500 litros por ano (máquinas de lavar loiça).

Nos sistemas de autoclismo (representativo de um dos maiores consumos de água no ciclo predial), existem mecanismos mais eficientes e outros que suportam uma adequação do volume de descarga, por exemplo face ao uso (dupla descarga ou descarga interrompida, com opção de paragem pelo utilizador). Outros ainda dão-lhe a possibilidade de utilizar um volume inferior ao original para o mesmo compartimento (através da substituição por mecanismos mais eficientes), sem necessidade de substituir o depósito do autoclismo que atualmente possui. Para todas as situações, o sistema de drenagem não deverá ser comprometido, evitando obstruções. De uma forma geral, os autoclismos eficientes apresentam entre 4 a 5 litros do volume total, considerando a classificação D ou superior.

Os chuveiros e sistemas de duche podem representar mais 30% da média diária do consumo de água doméstico. Os mais eficientes (classificação D ou superior) deverão ter consumos de água entre 5 litros por minuto e 7 litros por minuto. Os chuveiros e os sistemas de duche, para além da redução do consumo de água, podem ter associada uma redução do consumo de energia, ser em proporcional à água quente necessária. Por questões de eficiência e para maior conforto do utilizador, existem também sistemas que têm incorporados torneiras termoestáticas (com temperatura estável) ou “eco-stop” (com temporizador para corte de caudal).

As torneiras que se encontram distribuídas pela cozinha e casas de banho da sua habitação podem representar cerca de 16% do consumo no setor residencial em Portugal. Para as torneiras de lavatório (residências), o modelo típico considerado, classificado com a letra D, é aquele que tem um consumo de água até 2 litros por minuto. Para as torneiras de cozinha, o modelo típico considerado, classificado com a letra D, é aquele que tem um consumo de água até 4 litros por minuto. As torneiras de caudal inferior a 4 litros por minuto (localizadas no lava-loiças), e caudal inferior a 2 litros por minuto (localizadas no lavatório), devem possuir arejador, para privilegiar uma utilização mais confortável e equivalente à utilização obtida com torneiras de caudal superior.

Para minimização dos consumos de água e conforto, sem substituição de dispositivos, os utilizadores poderão ainda adquirir redutores de caudal, para melhor adequação do volume consumido em cada utilização.

Para evitar o desperdício de água que se verifica desde a abertura da torneira até à obtenção da água à temperatura desejada para as águas quentes sanitárias, pode instalar sistemas ou equipamentos para a circulação e retorno de águas quentes ou equipamentos de recuperação do calor de água. A Instalação destes sistemas é geralmente aconselhada, quando possível, em redes de águas quentes onde a distância entre o aparelho produtor e o ponto de consumo mais afastado assim o justifique.

Para lavagens ou espaços exteriores, pelo facto de representarem um consumo elevado de água, muitas vezes com qualidade demasiado elevada face ao uso, pode adotar estratégias para melhorar a sua eficiência, ao nível do equipamento e da programação dos períodos de rega e adequação às condições meteorológicas do terreno e das culturas. Os sistemas de aproveitamento de águas pluviais e reutilização de água podem ser outras fontes de água para a rega e lavagem de espaços exteriores. O ideal é instalar uma rede de rega eficiente em todos os jardins e similares (por exemplo: sistemas gota a gota), e no caso da área a regar ser extensa, adotar o método por aspersão, devido à sua maior eficiência e capacidade de adaptação a qualquer configuração de terreno.

Numa piscina, as soluções que garantem uma maior eficiência hídrica atuam sobre o enchimento e manutenção, nomeadamente através da garantia de estanqueidade e da redução de fugas e diminuição de perdas por transbordo e evaporação. A correta manutenção da qualidade da água da piscina, através de processos mais eficientes e recirculação podem também evitar a utilização de água desnecessária. A piscina deverá ser limpa, de modo a minimizar a colmatação dos filtros de tratamento e consequentemente, a frequência da sua lavagem. A água de limpeza dos filtros poderá ser utilizada para outros fins, como a rega, se devidamente verificados os aspetos de qualidade da água face ao uso.

As medidas apontadas para o exterior poderão ser complementadas com coberturas dos solos ajardinados com soluções como a casca de pinheiro, pedra rolada, brita ou jorra vulcânica, uma vez que conservam durante mais tempo a humidade no solo, reduzem a germinação e o desenvolvimento de plantas infestantes, promovem a estabilização da temperatura do solo, favorecendo o bom desenvolvimento das raízes e dos organismos do solo, e previnem a erosão e a compactação causada pela chuva intensa.

Para retenção da água da chuva e garantia de conforto de térmico e proteção da impermeabilização, pode optar por coberturas verdes ou ajardinadas, que consistem na instalação de vegetação sobre uma estrutura construída. Estes sistemas devem ser devidamente dimensionados e requerem manutenção.

A par de escolhas de equipamentos e dispositivos mais eficientes (com menor consumo de água), é fundamental garantir uma maior adequação da utilização da água, através de uma redução do tempo despendido em cada uso e da adoção de estratégias de poupança de água, que se traduzem em poupanças na fatura.

 

O aumento da eficiência hídrica nos edifícios de habitação está cada vez mais ao alcance de todos, beneficiando da evolução tecnológica em curso e do desenvolvimento contínuo de produtos e soluções inovadores. São várias as áreas de um edifício com potencial de redução de desperdícios (perdas) e consumos de água. Na Beelt, queremos ser parte da solução para um mundo mais sustentável, e apoiamos os nossos clientes nas suas escolhas mais eficientes.

 

Informação transcrita e adaptada do documento “Eficiência hídrica em edifícios – Guia Aqua eXperience”, publicado em Aqua eXperience, promovido pela ADENE e EPAL, e com apoio do Fundo Ambiental e ENEA 2020.

Voltar
 
 
 
 

Vamos falar
do seu projeto

Entre em contacto connosco para ficarmos
a conhecer as suas necessidades e de que forma poderemos ajudar.

1 Step 1
keyboard_arrow_leftPrevious
Nextkeyboard_arrow_right
FormCraft - WordPress form builder