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A Simbiose entre Arquitetura, Sustentabilidade e Feng Shui

#Àconversacom Teresa Mascarenhas / Momoon Design

No mundo contemporâneo da arquitetura, a confluência de tradição e inovação molda espaços que não apenas agradam aos olhos, mas também ressoam com o nosso bem-estar interior e respeito pelo ambiente. Teresa Mascarenhas, através do seu atelier Momoon design, combina a arquitetura com os princípios milenares do Feng shui e as necessidades de sustentabilidade. Com um percurso profissional que inclui passagens nos ateliers Aires Mateus e CHP Arquitectos, que enriqueceram a sua visão e habilidade, a arquiteta tem construído um legado que reflete sua paixão pelo detalhe, simetria e, acima de tudo, pela realização dos sonhos daqueles que habitam os espaços que desenha. Neste #àconversacom, descobrimos a sua perspetiva sobre o atual panorama da arquitetura, o crescente foco da sustentabilidade e a influência do Feng Shui no design de espaços.

 

O foco do seu trabalho é habitação. Quais os soft skills necessários para o sucesso de qualquer projeto atualmente?

Sim, as intervenções são maioritariamente focadas na reabilitação e algumas moradias. Gosto muito de desenhar habitação de poder projetar os sonhos de quem a vai habitar. A meu ver para se conseguir corresponder às expectativas com sucesso, é muito importante saber ouvir os clientes. Isto numa época em que somos constantemente bombardeados por informação, sobretudo através de plataformas como Pinterest e Instagram, torna-se crucial ouvir atentamente as aspirações e desejos do cliente para que possamos compreender verdadeiramente o que procuram para o seu espaço, seja uma casa, um escritório ou qualquer outro ambiente. Obviamente a flexibilidade é importante, mas também é essencial estabelecer limites, pois mudanças constantes podem complicar o desenvolvimento do projeto. No fundo, a empatia, a comunicação eficaz e a capacidade de gerir expectativas são soft skills cruciais para o sucesso dos projetos de habitação atualmente.

Qual a importância da arquitetura em qualquer projeto ou obra?

A arquitetura, para mim, é mais do que simplesmente desenhar espaços. Tem o poder de transformar e acrescentar valor aos mesmos. Não apenas do ponto de vista estético, mas também funcional e emocional. Desempenha um papel fundamental em qualquer projeto ou obra, com um impacto significativo na espacialidade final. É importante que tenhamos uma visão abrangente, analisando do geral para o particular e vice-versa, considerando aspetos que alguém não especializado poderia facilmente ignorar. Como dizia um professor que tive na faculdade, João Pedro Falcão de Campos, “O arquiteto é o mestre de quase tudo”, ou seja, no desenvolvimento de cada projeto há sempre novos temas sobre os quais teremos de estudar ou aprofundar para responder da melhor forma ao desafio em causa.

É um equívoco pensar que a profissão de arquiteto só adiciona custos extras. Na realidade, muitas vezes, o arquiteto descobre soluções mais económicas que atendem ou superam as expectativas dos clientes. Principalmente em pequenas obras ou reabilitações de apartamentos, a contribuição de um arquiteto pode acrescentar um significativo valor à obra, realçando potencialidades espaciais muitas vezes “escondidas”.

Quais os maiores constrangimentos atuais à vossa profissão?

Em Portugal, a profissão enfrenta desafios de valorização. Infelizmente, sinto que nós, portugueses, não defendemos adequadamente a arquitetura no nosso país, mas isso é algo que infelizmente não se reflete apenas na Arquitetura. Muitas vezes, a contribuição do arquiteto não é plenamente reconhecida, ao contrário de outros países, onde o papel do arquiteto é indiscutível. É fundamental que trabalhemos no sentido de consolidar esse reconhecimento aqui.

De uma forma geral, como descreve a relação entre arquiteto e empreiteiro?

A relação entre o arquiteto e o empreiteiro é complexa e muitas vezes carregada de tensão. A responsabilidade recai frequentemente sobre o arquiteto, que quer corresponder às expectativas do cliente. Por outro lado, o empreiteiro geralmente está focado em questões práticas, como prazos e custos, priorizando a funcionalidade e, por vezes, não dando tanta importância à visão criativa do arquiteto. Esta divergência de prioridades pode, por vezes, gerar alguns atritos. É fundamental que haja um bom diálogo entre ambos pois, a verdade, é que ambos partilham o objetivo de satisfazer o cliente. O arquiteto idealiza e o empreiteiro executa; ao trabalharem juntos e respeitarem o valor de cada trabalho, formam uma equipa coesa, traduzindo-se na qualidade final de cada trabalho.

É parceira e também cliente Beelt, tendo uma visão abrangente do nosso trabalho. Como correu a obra da Joaquim António Aguiar na ótica do cliente? Ficou satisfeita com o trabalho?

Fiquei extremamente satisfeita com o trabalho na obra da J. A. Aguiar. Correu muito bem, e senti que houve uma constante comunicação e respeito pelo meu trabalho como arquiteta. O Carlos Gonçalves, que acompanhou a obra no terreno, mostrou uma sensibilidade notável, sempre preocupado em garantir que todos os detalhes estivessem em conformidade com o que havia sido projetado. Em vários momentos, notei o cuidado e a dedicação para que tudo fosse realizado com a máxima qualidade e profissionalismo. O diálogo aberto e constante foi essencial, na medida em que a cada dúvida ou decisão, fui informada e consultada. O resultado foi uma casa espetacular que, acredito, agregou muito valor ao investimento inicial. Como cliente, posso afirmar que a experiência com a Beelt foi muito positiva e o profissionalismo demonstrado fez toda a diferença no resultado.

Que características da Beelt considera serem importantes para o nosso sucesso?

A Beelt destaca-se, sobretudo, pelo seu profissionalismo e qualidade. Os orçamentos apresentados são detalhados e justos. A relação qualidade/preço que oferecem é muito competitiva, o que é essencial no mercado atual.

Adicionalmente, a Beelt apresenta uma abordagem dinâmica e moderna no setor. É evidente que se trata de uma empresa que aposta na comunicação e na transparência. Valorizo muito o fato de serem tão ativos digitalmente, mantendo uma página sempre atualizada, o que facilita o seguimento dos vossos projetos e iniciativas. Esta aposta no branding e no marketing, sem dúvida, complementa a estratégia da empresa na era digital em que vivemos.

A combinação destes elementos – o compromisso com a qualidade, o dinamismo e a comunicação eficaz – são características cruciais que estão a impulsionar o sucesso da Beelt.

Porquê o Feng shui? E como o integra na sua abordagem arquitetónica?

O interesse pelo Feng shui surgiu há uns anos ao perceber que alguns clientes levantavam questões relacionadas com este tema. Decidi explorá-lo mais profundamente para entender como poderia integrar esses princípios nos meus projetos e, assim, beneficiar os meus clientes. O Feng shui, que tem centenas de anos de existência na China, é, no fundo, uma arte que procura potenciar ao máximo um espaço em função das pessoas que o habitam, levando em consideração a energia que flui em determinado ambiente.

O Feng shui clássico, o qual me estou a especializar, é muito mais do que simplesmente escolher cores ou disposições de móveis. Baseia-se em cálculos matemáticos e usa ferramentas como a bússola chinesa “Luopan” para determinar o chamado mapa de cada um dos elementos construídos. O objetivo é sempre potenciar energeticamente cada espaço, em função dos seus habitantes, seja um apartamento, uma casa ou uma empresa. Já há algum tempo que o integro em alguns dos meus projetos, procurando beneficiar a vivência dos seus habitantes. A direção do fogão ou do forno, são elementos aparentemente simples, mas que têm um enorme impacto na vida de quem habita aquele espaço.

Quais considera serem os temas mais relevantes na arquitetura para os próximos anos?

A sustentabilidade estará, sem dúvida, no centro da arquitetura futura. Precisamos de repensar o uso de certos materiais, promover a eficiência energética e criar harmonia entre habitante, construção e ambiente.

A sustentabilidade de uma forma geral será “o tema” das próximas décadas, já não numa ótica de refletir sobre, mas de agir de acordo, de pôr em prática. A meu ver a sustentabilidade na arquitetura passa muito pela necessidade da mesma ser reflexiva, adaptando-se ao clima envolvente e utilizando, sempre que possível, recursos locais. Penso que vamos observar uma espécie de “retorno às origens”. Por vezes é importante dar dois passos atrás para que se possa avançar. E, na verdade, a arquitetura tradicional tem muito para nos ensinar acerca de sustentabilidade, nomeadamente através de sistemas de ventilação natural, dimensão dos vãos conforme a região e a exposição solar, materiais com baixo impacto ambiental, no fundo construções desenhadas e pensadas para cada lugar em particular.

A nível de urbanismo dar-se-á também uma maior importância aos espaços verdes, numa perspetiva de melhorar a vida dos seus habitantes, não apenas no sentido de tornar a sua cidade num espaço mais agradável esteticamente, mas ainda no sentido de criar mais espaços que proporcionem o encontro de pessoas, contrariando as tendências de hoje em dia.

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